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faixa Deus é amor

É chegada a hora de se encerrar a crueldade na Terra, tempo de todos os filhos de Deus unirem-se
num mesmo afeto,
num mesmo caminho e de mãos maiores auxiliarem pequenas mãos, pequenas patas, pequenos pés.

São tempos de esquecermos o corpo e vermos o espírito, esquecermos as diferenças evolutivas e vivenciarmos o amor, pois é esta a vontade de Deus, uma vez que Deus é o amor puro,
em todas as suas formas ♥

 


O Luxo na Umbanda:
Necessidade Espiritual ou Vaidade dos Médiuns?

Por Sandro da Costa Mattos

 

Vamos refletir sobre: "necessidade x vaidade x humildade".
- “Não está acontecendo um exagero de vaidade na Umbanda (não da religião, mas dos adeptos)?”

Entre muitos aspectos, podemos citar como exemplo a vestimenta e os paramentos. Quando o médium tem uma Entidade ou outra que usa um apetrecho de trabalho (um chapéu, um lenço, uma bengala ou mesmo outro elemento), nota-se que a necessidade desse material é do Guia, ou seja, aquele espírito usa o chapéu, o lenço, etc., para realizar o seu trabalho dentro do seu fundamento. Mas, quando TODAS as Entidades que trabalham com o mesmo médium, ou todas do mesmo Terreiro (mesmo em médiuns diferentes) precisam se paramentar, não seria mais coisa do(s) médium(ns), na maioria das vezes semiconsciente(s), do que do(s) espírito(s) atuante(s)?

Na internet, revistas e jornais, podemos ver, com facilidade, fotos em que o mesmo médium (ou todos do Terreiro), quando incorporado(s) apresenta(m)-se da seguinte forma: o Baiano está vestido de cangaceiro, os Falangeiros de seu Zé Pelintra usam terno, bengala e chapéu, o Boiadeiro parece um capataz ou um coronel fazendeiro, o Caboclo se veste imitando um índio (de modo geral, os artigos encontrados, como cocares, não são genuinamente indígenas, e muitos não têm nenhuma semelhança aos paramentos que eram utilizados pelos povos ancestrais de nosso continente, ou mesmo pelos índios atuais), o Ogum veste roupa de soldado romano e tem uma linda espada (se possível, cravejada de brilhantes), o Erê traja roupas infantis (macacãozinho, vestidinho colorido, etc.), o Cigano com vestes características do povo (e lógico, quanto mais colorido, melhor), o Exu usa capa, tridente e cartola, o Marinheiro usa uma “farda” como se fosse um autêntico capitão da marinha americana, etc. Isso quando não resolvem por um “trono” no meio do Terreiro, colocando a Entidade numa posição de rei dentro da Casa (já existem tronos especialmente confeccionados para Exus e que são vendidos aos “olhos da cara” nas casas de artigos religiosos).

O que vocês acham? Será que existem mesmo médiuns ou Casas onde TODAS as Entidades atuantes precisam se paramentar? Seria coincidência esses espíritos escolherem, todos ao mesmo tempo, esse médium ou essa Casa, para se paramentar?

Isso não seria contrário ao principal lema da Umbanda: “HUMILDADE e SIMPLICIDADE”- tão ensinado pelos nossos sábios Pretos-Velhos?

A roupa branca (símbolo de igualdade), aos poucos, estaria deixando de ser a FARDA dos soldados do exército do Pai Oxalá, já que até em dias de giras comuns estão usando roupas cada vez mais esplendorosas?

Será que festa de Entidade ou Orixá precisa mesmo desse luxo todo, deixando, às vezes, um local sagrado como um Templo Umbandista mais parecido com uma ala de escola de samba, onde todo mundo fica "fantasiado"?

Esse colorido todo não facilita a indução à mistificação ou, no mínimo, ao animismo, já que o médium que gastou tanto dinheiro com toda essa parafernália não vai querer deixar tudo aquilo guardado? Ou será que os Guias, que sempre foram exemplos de humildade e simplicidade, é que são (ou estão ficando) cada vez mais vaidosos (o que não acredito)?

Irmãos de fé, filhos da nossa amada Umbanda: apesar do respeito às diferenças, certas questões poderiam e deveriam ser melhor estudadas ou revistas pelos seguidores do Mestre Oxalá; afinal de contas, a Umbanda veio para dar espaço a todos os filhos do Pai Celestial, principalmente aos simples e humildes (encarnados e desencarnados), muitas vezes não aceitos em outros segmentos religiosos.

Com toda essa parafernália utilizada atualmente, como os mais necessitados se encaixarão, já que muitos não podem comprar uma “roupa de Exu” que, muitas vezes, custa mais do que eles ganham por um mês de trabalho?

Lembremos que o brilho que devemos mostrar não é no luxo da vestimenta, ou seja, o lado externo, pois tudo isso é ilusório, já que a roupa não tem força espiritual. O que realmente importa é a essência divina que existe em cada um de nós, filhos de Deus (encarnados e desencarnados).

É esse brilho, que brota no âmago do ser, que deve ser mostrado e, melhor ainda, doado a todos aqueles que necessitam. Isso sim agrada ao Pai, aos Orixás e aos seus Falangeiros de Luz.

 

Luxo na Umbanda


Em tempo, nota particular: esse texto foi publicado na edição n.24 do "Correio de Umbanda". E o que me causa grande assombro é que, apesar de ter sido escrito no ano de 2007, o seu conteúdo, infelizmente, é atualíssimo.

Isso porque, com muito pesar aos que amam e praticam a verdadeira Umbanda, é bastante usual vermos essa crescente preocupação dos médiuns em relação a sua vestimenta. Esquecem-se, os médiuns, de que a Umbanda se utiliza de arquétipos para representar os seus mensageiros espirituais no intuito de tentar aproximar os necessitados dos Falangeiros.

Em uma simples pesquisa na internet, encontramos vídeos que mostram os médiums 'supostamente incorporados' com roupas de festas, como se os Orixás fossem tão prepotentes ao ponto de quererem se exibir com a roupas caras diante do povo sofrido que os procura.

E, não bastassem os vídeos, ainda encontramos textos em que as 'supostas Entidades' explicam o motivo de desejarem usar aquelas roupas, como por exemplo, há um texto em que um 'suposto Zé Pilintra' diz querer sempre que o seu médium use terno branco, bengala, sapato branco, gravata e chapéu branco porque, quando encarnado, apesar de não ter muito dinheiro, a sua mãezinha fazia questão de que ele sempre se vestisse bem, conforme o costume da época. E muitos leitores ficam emocionados com a explicação. Quanta ignorância!!! É preciso sempre que a fé caminhe ao lado da razão!

Desculpem-me os que o fazem, mas jamais ficaria em um Terreiro em que o médium precisasse se fantasiar para que o seu Guia pudesse incorparar. E esse assunto é tão perigoso que, a grande maioria dos médiuns é levada a crer que, se não seguir na mesma direção, a consulência não confiará em suas Entidades.

E o fato é que muitos consulentes, por serem ainda ignorantes (no sentido de desconhecerem os fundamentos da Umbanda), sentem-se mais atraídos pelos Guias que descem em médiuns que usam roupas e paramentos que chamam a atenção como, por exemplo, se um Exu põe um capa, o médium se destaca aos olhos da assistência. Se a Pomba-Gira usa roupas com cores forte, pulseiras, flores, também sobressaem e assim por diante.

De minha parte, quando vou tomar um passe ou me consultar com alguma Entidade, procuro sempre recorrer a médiuns que estão com vestimentas comums, sem estrelismos. Ando na corrente contrária, pois se vou a uma Casa nova e vejo, por exemplo, um Exu pegar uma capa, já o elimino da minha visão.

Talvez eu seja mesmo um tanto radical, mas para mim, Umbanda é médiums com os pés no chão, roupas limpas e simples, poucas guias (colares ritualísticos): somente o necessário e, mesmo assim, desde que aprovados pelo Orixá chefe do Terreiro.

Na minha opinião, a humildade de uma pessoa em sua maneira de lidar com os demais e de se vestir é o que a faz rica, da mesma forma que a humildade e simplicidade dos médiums de um Terreiro é um dos pontos em que os fazem destacar diante da espiritualidade. A conduta dos médiuns deve sempre observar o bom senso. Não basta o médium umbandista se ajoelhar para rezar em frente ao congá, é preciso que sempre tenha pureza na alma e humildade no coração e nas suas atitudes, incansavelmente, sempre!